Revista Rua


A relação centro-periferia na discursividade da cidade
The center-periphery relationship in the discourse of the city

Tiago Roberto Ramos, Renata Marcelle Lara Pimentel

espaços que materializam a relação conflituosa e constitutiva do imaginário urbano desta cidade.
Em contrapartida, nos espaços periféricos observamos a presença de determinados materialidades que possuem uma dinâmica central – é o campo de futebol, a praça de exercícios, o centro comunitário, a mercearia do bairro, enfim, os espaços de convívio da população – e assim o são, pois expressam a identidade do grupo e suas práticas.
Nos espaços centrais-periféricos, vimos a presença de uma determinada legitimidade, emanada do espaço periférico-central, ou seja, é o estado político incorporando em suas práticas o simbólico popular, e o simbólico popular incorporando em suas práticas o estado político como forma de se fazer presente e ser reconhecido. É o discurso urbano buscando institucionalizar o real da cidade; buscando ordenar as relações que acontecem no fluxo que é a cidade, e que não pode ser abarcado pela burocracia estatal.
Sinteticamente, o popular é representado no centro mais em um espaço pré-determinado, pré-estabelecido. Já na periferia há materialidades funcionando como centrais, pois passam por um processo de institucionalização por parte do poder público que dota determinado espaço de legitimidade, reconhecendo-o politicamente: é a assembléia popular realizada no salão comunitário, que decidirá acerca das melhorias necessárias ao bairro a ser encaminhadas ao poder público. Todo esse funcionamento discursivo busca sustentar e perpetuar a imagem de Maringá como cidade moderna, organizada, bem estruturada, ao mesmo tempo em que nega esse imaginário.
 
Considerações Finais
 
A partir das observações que realizamos, podemos afirmar que a constituição simbólica dos espaços centrais e periféricos de Maringá se dá a partir de um conflito estruturante. As identificações produzidas no interior desses espaços são perpassadas por um discurso imagético sobre a cidade e, a partir dele, constroem re-significações deste mesmo discurso, fazendo ecoar outras memórias.
Os conflitos simbólicos que ocorrem na produção desses sentidos são conflitos que estão relacionados à produção da memória discursiva da cidade. Há uma memória institucional legitimada socialmente, que busca sua perpetuação, e uma memória não reconhecida, silenciada, que luta, mesmo inconscientemente, pelo reconhecimento, pela