Revista Rua


A relação centro-periferia na discursividade da cidade
The center-periphery relationship in the discourse of the city

Tiago Roberto Ramos, Renata Marcelle Lara Pimentel

novembro de 1951. A cidade foi planejada pelo urbanista Jorge de Macedo Vieira por volta de 1945 (CORDOVIL, 2008).
Segundo Rego (2001), Vieira foi influenciado pelas concepções de Ebenezer Howard e, principalmente, por Raymond Unwin e Barry Parker (ambos são arquitetos e urbanistas). Howard formulou uma concepção teórica para a construção de cidades. Essa elaboração visava aos problemas urbanos enfrentados pela Inglaterra no fim do século XIX. Ele desenvolveu um esquema de diagramas que previa o assentamento de pequenas comunidades de até 32.000 habitantes, com a finalidade de proporcionar moradia digna para a classe trabalhadora inglesa. Essas pequenas comunidades teriam autonomia política, seriam autogestionadas pelos seus habitantes e possuiriam também vias de acesso rápido aos grandes centros, como Londres.
O que Haward formulou foi um tratado urbano que ficou conhecido, principalmente, por meio da expressão de cidade jardim. Raymond Unwin e Barry Parker foram responsáveis por aplicar as formulações teóricas de Howard, criando uma expressão arquitetônica para tais formulações. Foram eles que projetaram as primeiras cidades jardins londrinas: Letchworth e Hampstead. Elas significaram uma ruptura com o rigor geométrico clássico, valorizando o convívio com a natureza. Jorge de Macedo, por ter trabalhado na mesma companhia que Parker, recebeu influência direta desse. Assim, a concepção do desenho urbano maringaense foi influenciada pelas formulações de Howard, Unwin e Parker, representados por Jorge de Macedo (REGO, 2001). 
 Aspectos dessa influência podem ser percebidos nas avenidas, que são amplas, bem arborizadas, na presença de dois grandes parques centrais na cidade, na delimitação de zonas residenciais e comerciais. Enfim, o projeto urbanístico se sustentou nos princípios da arquitetura moderna representada pelos preceitos das cidades-jardins inglesas. Todo esse cuidado no desenho da cidade estava a serviço dos interesses da Companhia colonizadora, de tornar a cidade um pólo regional, um atrativo de capital e pessoas.  
Segundo Cordovil (2008), o espaço produzido com este imperativo tornou-se uma representação da força colonizadora da própria companhia; que desconsiderou e apagou da história as ocupações precedentes à sua chegada; e também da força avassaladora da modernidade, travestida como desenvolvimento, evolução, como construção do espetáculo. Desde sua fundação, Maringá foi tratada como um empreendimento urbano. O planejamento original da cidade sofreu algumas requalificações que só fizeram acentuar essas características do espaço. Como afirma a