Revista Rua


A relação centro-periferia na discursividade da cidade
The center-periphery relationship in the discourse of the city

Tiago Roberto Ramos, Renata Marcelle Lara Pimentel

autora, o espaço urbano maringaense sofreu requalificações que buscaram manter os aspectos espetaculares da construção da cidade. Esse foi o imperativo que o poder público, associado à iniciativa privada, procurou manter durante os anos. Em decorrência disso, como aponta Rodrigues (2004), a cidade foi zoneada por princípios socioeconômicos. Cada região foi pensada para abrigar determinado extrato social, de acordo com as suas condições econômicas, e isto revela a segregação socioespacial que impera na cidade até hoje.
Todo o espaço urbano que se desenvolveu na cidade, desde a sua fundação, busca alimentar um único imperativo: Maringá sendo significada como uma cidade moderna e planejada[10]. Como aponta Cordovil (2007), a fundação de Maringá e seu posterior desenvolvimento estão imbuídos de um discurso publicitário diretamente relacionado à imagem sob a qual a cidade se erigiu.  Segundo a autora, a cidade estruturou-se a partir do discurso que a criou: “O discurso incrementou a imagem e a produção dos espaços desde a sua formação” (CORDOVIL, 2007, p.89).  
Para a manutenção dessa imagem foi imprescindível, como aponta Rodrigues (2005), a atuação conjunta do poder público e da iniciativa privada, que se esforçaram para manter o traçado moderno e a imagem da cidade enquanto tal. Nos termos da autora, Maringá foi planejada para ser um “empreendimento urbano”, destinado a reproduzir o capital e suas desigualdades.
Rodrigues (2004) demonstra claramente como o zoneamento da cidade seguiu princípios econômicos que geraram uma segregação social e econômica: o centro é o espaço das classes dirigentes, as periferias, quanto mais afastadas do centro, mais pobres. Esse é um dos fatos que constituem as condições de produção do discurso urbano maringaense. Uma segregação socioespacial que procura se manter a todo custo pelas mãos da iniciativa privada (principalmente o setor imobiliário) e do poder público (que busca perpetuar a imagem de um espaço desenvolvido e moderno).
Conforme Cordovil (2007, 2008), há em Maringá uma situação particular em que a imagem publicitária e o imaginário urbano se fundem num só discurso. Com isso, podemos afirmar que em Maringá há uma projeção da cidade ideal, para a qual a materialidade urbana se movimenta constantemente, ou seja, é a formulação imagético-discursiva que orienta as materializações do espaço urbano.


[10] Como aponta Cordovil (2008), modernidade está associada a uma busca incessante pelo novo, pelo desenvolvimento, pela espetacularização da paisagem urbana que apaga a memória e a história da cidade.