Revista Rua


A relação centro-periferia na discursividade da cidade
The center-periphery relationship in the discourse of the city

Tiago Roberto Ramos, Renata Marcelle Lara Pimentel

A imagem que se propaga da cidade está atrelada a algumas destas determinações, como o rigor na condução do planejamento, os esforços para manutenção dos planos de desenvolvimento, as ações institucionais – como a criação do Conselho de Desenvolvimento de Maringá (CODEM) – que visam a solução de problemas referentes ao desenvolvimento da cidade, à atuação da sociedade civil para a manutenção e perpetuação do imaginário desenvolvimentista, entre outros. Discursivamente, contudo, as relações produzidas no interior de seus espaços, principalmente nos espaços centrais e periféricos, sinalizam contrastes na própria urbanidade vivenciada nesse local. Contrastes que apontam para uma suplantação do social pelo imaginário.                                                                        Sinteticamente, há em Maringá uma configuração urbana singular em que o planejamento e ações políticas, marcados por aspectos desenvolvimentistas, propagam um determinado imaginário sobre a urbanidade vivenciada nesse local, mas, ao mesmo tempo, visualizamos uma configuração de sentidos que apontam para uma desestabilização desse imaginário. Tais aspectos serão discutidos no decorrer do trabalho.
      Para explicitar o funcionamento discursivo que encontramos nas materialidades dessa cidade, apresentamos, primeiramente, a forma como a AD trabalha o urbano e seu discurso. Em seguida, discorremos sobre alguns aspectos históricos e formativos de Maringá e sua imagem para, então, adentrar na análise do discurso produzido no seu interior.
 
Pensando a cidade e o urbano em Análise de Discurso
 
Para a Análise de Discurso, a relação cidade/urbanidade é, no mínimo, conflituosa. Orlandi, (2004: 64) afirma que
 
[...] a cidade é um espaço real de significação sujeito a transformação que, pela imposição do urbano (excessivo), tal como ele é pensado, é abafado, silenciado. A materialidade simbólica da cidade é contida na/pela urbanização. Há, assim, uma redução significativa da cidade e do social ao urbanizado.