Revista Rua


Subjetividade e discurso: a representação da língua (indígena e portuguesa) para professores Terena
Subjectivity and discourse: the representation of language (Indian and Portuguese) to Terena teacher

Alessandra Manoel Porto e Vânia Maria Lescano Guerra

entidade de poder. Escrevem-se “escritas de poder” por intermédio do fazer documento das minorias às autoridades que têm o poder nas mãos. O domínio da L2, na ideologia de SP2, coloca-o como passível de mobilidade naquilo que o fortalece, ora como defesa, ora como sobrevivência: a língua.
Os equívocos e lapsos na sequência discursiva de SP2 podem ser observados de modo crescente, pois ao testificar a necessidade de aprender a L2, o sujeito não se restringe à comunicação cotidiana (banco, mercado, lojas), mas a instâncias de poder (prefeito, secretaria de educação), ou seja, mobiliza a aprendizagem da L2 como macro poder.
SP2, como sujeito do século XXI, representa o indivíduo que busca sobreviver (entendamos sobreviver como um ato amplo em que se conjugam vida e cultura) em meio às identidades fragmentadas, concebendo o outro, embora estranho, como constituinte de sua identidade, indivíduo definido por Eckert-Hoff (2008, p.40) como “um sujeito camaleônico”, que, como camaleão, “muda constantemente de forma e de cor. Nessa metamorfose, ele não deixa de ser um para ser outro, pois um está constituído pelo/no outro, é sempre o mesmo no diferente e o diferente no mesmo”.
A metamorfose dos sujeitos, num contexto de minoria linguística, representada pela escolha da proficiência na língua majoritária, marca a representação da língua, no caso, a L2, como mecanismo de controle, sujeitos compostos, conforme Bhabha (2010), marca latente de mobilidade dos mecanismos de controle. Coracini (2007, p. 61) argumenta que o “sujeito é, assim, fruto de múltiplas identificações - imaginárias e/ou simbólicas” que vão se entrelaçando e construindo por meio do inconsciente, a subjetividade. A autora afirma que a identidade só se torna possível pela ilusão de pertença a um determinado grupo, uma vez que o sujeito se constitui no/pelo olhar do outro que é semelhante e diferente de si mesmo, simultaneamente, afirmando uma identidade em oposição à outras pelas maneiras de se representar e apresentar o mundo à sua volta e que dá sentido às suas práticas sociais.
Em entrevista concedida ao jornalista italiano Benedetto Vecchi, Zygmunt Bauman (2005) faz diversas considerações sobre a questão da identidade, desde o momento em que as pessoas começaram a ter noção de suas próprias identidades até os dias atuais, quando a humanidade oscila entre diversas “identidades” que são impostas ou oferecidas. O autor afirma que questões acerca da identidade só surgem quando os indivíduos são expostos a “comunidades da segunda categoria” (BAUMAN, 2005, p. 17), quando são obrigados a absorver traços identitários que sejam adequados a essa