Revista Rua


Do digital às digitais mo Sitio de Memoria (Córdoba, Argentina): (Re) Interpretações da História Política na cidade em movimento
From the digital to the fingerprints in the Sitio de Memoria (Córdoba, Argentina): the political History (re)interpretations in the city in movement

Angela de Aguiar Araújo e Luciana Leão Brasil

1. Introdução                                                                                                    
 
Apresentar o objeto desta pesquisa e o recorte de análise proposto para este artigo implica no reconhecimento do momento em que nós, doutorandas em Estudos Linguísticos (cujo foco dos trabalhos se encontra na materialidade e nos processos discursivos) fomos instadas a questionar o modo de textualização de sentidos a constituir uma narratividade urbana (ORLANDI, 2004) no espaço da cidade ou, como aqui se pretende pensar, uma narratividade (histórica/da História/na história revisionista) urbana, bem como pontos de deslocamento / ruptura nessa narratividade - discursividade.
O momento se deu no segundo semestre de 2011, quando, após dois dias de intensas reflexões teóricas sobre a memória, em evento científico realizado em Córdoba, Argentina, saímos caminhando pelo centro histórico-comercial da cidade. Estávamos muito afetadas/inquietas pelo forte apelo “revisionista” de uma história (considerada recente) e pelo predominante discurso da História, em um espaço - pretensamente multidisciplinar - de discussão, sobre a fecundidade da memória (esta vista como um objeto teórico para os campos que constituem as ciências humanas e sociais). Um apelo que por vezes parecia fazer sobrepor Verdade/História e Verdade/Memória. As inquietações resultavam da naturalização do sentido de verdade no discurso científico pelo qual também parecia ser efeito o sujeito histórico. Com a crença na possibilidade de uma história mais justa pelo ato consciente de (re)visão do passado (para impedir pela revisão de consciência a repetição dos erros do passado como uma “revisão de consciência”, ou seja, um processo que seria desencadeador de “mais” consciência acerca da realidade), esse sujeito histórico parecia se constituir a partir de uma textualização marcada por inclinações morais e por julgamentos de valor – e com valor de “reconciliação”/de verdade. E, ainda, as provas ou as evidências que permitiriam falar de outra história (pelo ato de re-ver re-pensando o já pensado da história e na História) pareciam ser a garantia de uma realidade mais justa no presente e no futuro aproximando sentidos de História (com seus objetos de memória)/Justiça/verdade.
Estávamos no centro histórico e comercial da província de Córdoba. Em um zigue-zague sem roteiro pré-estabelecido, fomos aleatoriamente guiadas pelo encontro, aparentemente, espontâneo de placas explicativas dos marcos, históricos, pontos de ancoragem na indicação daquilo que, no espaço da cidade, é destacado como