Revista Rua


Do digital às digitais mo Sitio de Memoria (Córdoba, Argentina): (Re) Interpretações da História Política na cidade em movimento
From the digital to the fingerprints in the Sitio de Memoria (Córdoba, Argentina): the political History (re)interpretations in the city in movement

Angela de Aguiar Araújo e Luciana Leão Brasil

(histórica/da História/na história) tenha como efeito um “olhar organizado e organizador (do urbano) que é totalitário” (ORLANDI, 2004, p. 29-30). No próximo tópico, abordaremos alguns pressupostos teóricos da análise de discurso francesa, a fim de familiarizar o leitor frente a esse lugar teórico de estudo da linguagem, estudos dos sentidos, estudo da narratividade urbana, da memória (social e discursiva).
 
2. Considerações sobre o método discursivo e a ideologia
 
Este artigo traz como embasamento teórico os princípios e procedimentos da Análise de Discurso. Para essa teoria sujeito e sentidos se constituem simultaneamente como efeitos da interpelação ideológica na relação constitutiva língua e história. A Análise de Discurso surge como algo que propõe o deslocamento do foco de um fechado formalismo da linguagem, levando para o centro a relação com a exterioridade negada por esse. Com os estudos discursivos, a linguagem não é mais concebida como apenas um sistema de regras formais. A linguagem é pensada em sua prática, atribuindo valor ao trabalho simbólico e político, como sendo os sentidos algo movente e instável.
O que a Análise de Discurso procura pôr em observância é o caráter histórico da linguagem, visto que esse campo de estudo marca uma ruptura no campo da Linguística, implicando reconsiderações no objeto teórico língua na sua relação com o discurso. A Análise de Discurso de corrente francesa se constitui como uma disciplina de confluência em que se juntam três regiões de conhecimentos, quais sejam: o Materialismo Histórico, como teoria das formações sociais, inclui-se então a ideologia; a Linguística, como teoria dos mecanismos sintáticos e dos processos de enunciação; e por fim, a Teoria do Discurso, como determinação histórica dos processos semânticos. Não deixando de lado que todos esses elementos estão permeados por uma teoria não subjetiva do sujeito de ordem psicanalítica, pois o sujeito é afetado pelo inconsciente.
Ao serem abordados na teoria discursiva, tanto história, língua e ideologia quanto inconsciente deixam de ter o teor de sua origem ganhando novas dimensões e formulações para a compreensão do processo discursivo. Nesse ponto de vista, a Análise de Discurso jamais seria um instrumento para a mera explicação de textos. Nessa ótica de Pêcheux, o sentido não está claro, óbvio ou transparente, uma vez que é preciso considerar a opacidade (materialidade) aí presente e já que o sujeito não é nem intencional nem detentor do ilusório sentido literal. Diante desses pormenores da