Revista Rua


Do digital às digitais mo Sitio de Memoria (Córdoba, Argentina): (Re) Interpretações da História Política na cidade em movimento
From the digital to the fingerprints in the Sitio de Memoria (Córdoba, Argentina): the political History (re)interpretations in the city in movement

Angela de Aguiar Araújo e Luciana Leão Brasil

como sítio de reflexão. O espaço aqui para nós é lugar (também) de confronto entre o simbólico e o político (Pêcheux, 1988), ou seja, o espaço como imaginário constitutivo dos processos de significação/identificação/individuação do sujeito (ORLANDI, 2004) na sociedade.  Como acima referido o político nesta perspectiva de estudo é redimensionado significando a diferença que divide o social nas disputas de poder.
O espaço funciona como território para demarcar gestos de leitura, para constituição, para acolhimento dos sentidos e filiações nas práticas sociais. Desse ponto de vista é falta grave pensar que sujeito é uma coisa e espaço e cidade são outra. A linguagem, o sujeito e o espaço não desconversam ou apartam-se muito pelo contrário são conectados, constitutivos, ou seja, estão irmanados.
O espaço está num continuum. Deixa uma marca mesmo que solene, mesmo que permitida e até mesmo deixa o sinal do contraditório: o não delimitável, a possibilidade do acontecimento em vista de seu valor simbólico. Se o real da história, tal como formulado no campo da Análise de Discurso, é a contradição, uma proposta de estudo no campo desta teoria terá que se confrontar com o fato constitutivo da linguagem: a divisão dos sentidos e dos sujeitos. O funcionamento do discurso, em sua materialidade contraditória, se dá pela inscrição da
Araújo (2011, p. 369), retomando Courtine (2006), descreve que a contradição “instaura a divisão ao mesmo tempo em que apaga o que divide os sentidos e os sujeitos tornando evidente a ilusão de unidade naquilo que imaginariamente se individualiza pela divisão. A contradição seria um funcionamento discursivo onde o lugar de produção de consenso corresponderia ao lugar de produção da diferença. Para o estudo da contradição, é preciso reconhecer que o outro atravessa qualquer tentativa de se formar, nomear, descrever, separar o um. Assim, o um não está só – por si mesmo ou em si mesmo – pelo fato de a heterogeneidade – contraditória – o constituir”.
O espaço também aponta para fim de ciclos, círculos que deixaram palavras habituadas com um sentido já posto. Outrora, um centro de detenção, na atualidade, um Sitio de Memoria. Vasconcelos (2008, p. 236) aponta que
 
Atualmente existe uma crescente mobilização social para que os locais usados pela repressão estatal se transformem em “lugares de memória” e permitam o conhecimento e a reflexão do passado recente da nação. Desta forma, está sendo construída em Buenos Aires uma espécie de “topografia da memória”, de maneira a sinalizar, no espaço urbano, locais que simbolizem a luta pelos direitos humanos na Argentina.