Revista Rua


Do digital às digitais mo Sitio de Memoria (Córdoba, Argentina): (Re) Interpretações da História Política na cidade em movimento
From the digital to the fingerprints in the Sitio de Memoria (Córdoba, Argentina): the political History (re)interpretations in the city in movement

Angela de Aguiar Araújo e Luciana Leão Brasil

Os governos democráticos são pressionados por demandas por Verdade e Justiça por parte da sociedade civil organizada e os crimes cometidos pelas ditaduras militares estão longe de serem esquecidos especialmente na Argentina.
 
Assim a herança da violação de direitos humanos, acontecida ao longo dos regimes autoritários na década de 1970 na América do Sul, é uma demanda sempre em pauta em convenções nacionais e internacionais, não calando a voz de questões ainda a serem resolvidas. A democracia como um novo tempo político abre espaço para uma narratividade urbana revestida por um “dispositivo comemorativo (colóquios intelectuais, exposições artísticas, festas populares, etc.) implementado com o objetivo de celebrar o acontecimento na sua visão idealizada”, segundo Silva (2002), em "Rememoração"/comemoração: as utilizações sociais da memória. Conforme Huntington (1994), tomado por Vasconcelos (2009, p. 210), “as novas democracias foram confrontadas com os crimes cometidos pelo regime anterior e se viram diante do dilema “processar e punir” versus “perdoar e esquecer.”
Configura-se então uma narratividade atual(izada) daquilo que outrora foi um não acontecimento (o desejo da revolução, a não conquista da almejada revolução política) em virtude da violência produzida pelo aparelho repressor. Cobra-se da História (ou pelo viés da História) um dever de lealdade/fidelidade para com o sujeito-testemunho-testemunha dos fatos ocorridos que se materializam na democracia através dos lugares de memória.
A legitimação de uma verdade da história para o sujeito histórico (percebe-se que um legado anterior de desejo de revolução passa para a família enquanto herança agora de uma busca por justiça, não mais por revolução) que também é, por vezes, sobrevivente das grandes tragédias do século XX abre vistas para a narratividade também como dever, como inquietude, como vigilância. A narratividade urbana que se estabelece na delimitação do evento a ser revisado sobre a história recente, como poderemos observar nas fotografias abaixo relacionadas, tem a cidade enquanto espaço simbólico.
O espaço é aqui pensado não como pura geografia. O espaço este que vai além da sede, do âmbito do poder. Locus de população, onde há vínculos sociais, econômicos, culturais, políticos no qual sujeitos criam tradições. Mas espaço também