Revista Rua


Do digital às digitais mo Sitio de Memoria (Córdoba, Argentina): (Re) Interpretações da História Política na cidade em movimento
From the digital to the fingerprints in the Sitio de Memoria (Córdoba, Argentina): the political History (re)interpretations in the city in movement

Angela de Aguiar Araújo e Luciana Leão Brasil

formas das letras cravadas no suporte que comporta as digitais parecem vão desaparecer a qualquer momento escorrendo por entre a transparência, por entre as paredes. A tentativa então é a fixação à memória daqueles que por ali passam, num apelo à memória fotográfica.
Segundo Peixoto (1999, p. 83) as intervenções urbanas vão possibilitar o surgimento, a seguir, de operações que redefinem a especificidade do sítio ao introduzirem um novo tipo de experiência espacial:
 
A que leva em consideração as dimensões institucionais, econômicas e políticas do espaço, enfatizando suas contradições e conflitos. Ocorre uma extensão do conceito de sítio, para abarcar não só o contexto estético da obra, mas também os significados simbólico, social e político dos lugares, bem como as circunstâncias históricas nas quais obra de arte, observador e lugar estão inseridos.  O sítio é toda a cidade vai além do prédio do museu.
 
Assim esses lugares não são lugares de neutralidade. O sítio indo além do caráter de lugar, mas como um espaço marcado pela linguagem, pela ideologia e pela política. Percebe-se que as intervenções artísticas funcionam como estratégia de chamamento do sujeito, da sociedade. A arte como um movimento de reconhecimento do itinerário da cidade. As digitais são um indício de realidade e de existência de um passado que não se quer esquecer apontando para uma futuridade: o desejo de justiça. A intervenção artística no urbano na tentativa de restituir a identidade. A digital com o nome dos indivíduos forma um todo na junção dos nomes; um mecanismo discursivo pelo qual “o um” projeta “o todos”. As digitais são metáfora do silêncio dos desaparecidos: desaparecidos pelo regime e reaparecidos, com seus nomes, para o não esquecimento. As digitais produzem uma presença. Temos então um efeito metonímico: o todo pela parte/a parte pelo todo (as digitais pelo corpo); o efeito pela causa (o desaparecimento pelo desejo de revolução); as digitais pelo grupo; o nome próprio pelo familiar; o nome familiar/nome próprio pelo grupo de desaparecidos. Eduardo Guimarães (2002, p. 42) afirma que “quando um nome próprio funciona ele recorta um memorável que, enquanto passado próprio da temporalidade do acontecimento, relaciona um nome a uma pessoa”.  Nesse sentido, isso significa dizer que um nome evocado carrega a memória do acontecimento por ele evocado. Mais uma vez então o discurso dos desaparecidos se revitaliza e, neste momento, o tempo histórico já é outro, a redemocratização não é mais uma luta por mudança (a revolução), o que resta então é o desejo por uma justiça frente aos acontecimentos passados. Os sobrenomes familiares, em letras maiúsculas, anunciam uma heterogeneidade mostrada (a presença do outro, a