Revista Rua


Do digital às digitais mo Sitio de Memoria (Córdoba, Argentina): (Re) Interpretações da História Política na cidade em movimento
From the digital to the fingerprints in the Sitio de Memoria (Córdoba, Argentina): the political History (re)interpretations in the city in movement

Angela de Aguiar Araújo e Luciana Leão Brasil

“instituição” da análise de discurso verifica-se o espaço do contraditório nessa disciplina de entremeio (ORLANDI, 2008, p. 68), pois a língua tem autonomia relativa e é a entrada para a materialidade do discurso. Para Pêcheux (1988), o sujeito do discurso não se pertence, ele se constitui pelo esquecimento daquilo que o determina, isso significando o fenômeno da interpelação do indivíduo em sujeito do seu próprio discurso.

3. História Recente e (Re) Significação
 
Segundo Vasconcelos (2009), em Memória Política, Democracia e Accountability: algumas reflexões teóricas, os anos 1980 deflagram um novo tempo para que se instalasse a democracia, tendo em vista o longo período de regime autoritário instaurado nos países do Cone Sul. Isso implica dizer que Brasil, Argentina, Chile e Uruguai, passaram por modificações em sua ordem política:

Contudo, a perseguição e a repressão aos dissidentes políticos, em diferentes níveis de intensidade e alcance, estiveram presentes em todas as ditaduras da região. A “novidade” introduzida no aparato repressivo estatal, responsável por romper com a tradição autoritária precedente, foi o amplo uso do desaparecimento forçado de pessoas como estratégia de eliminação do “mal subversivo”. Outras graves violações aos direitos humanos, como as prisões arbitrárias, as execuções sumárias, o uso da tortura e o sequestro de familiares fizeram parte do rol dos crimes operacionalizados pelos órgãos de repressão dos regimes autoritários (VASCONCELOS, 2009, p. 1).

A ditadura militar enquanto sistema político, no entanto, exibe seus rastros no processo de transição para um presente (regime político democrático) que procura construir um futuro esvanecendo as marcas de um passado de violência política. Violência que aponta questões não resolvidas na contemporaneidade expressas através de demandas históricas, da atualização dessas demandas por e para os sujeitos. Questões estas que são da ordem do discurso, que no presente caso, tornam-se objeto de análise ao ser pensado como as estratégias enunciativas para questionar essa história, através de uma narratividade, clamam por uma história verdadeira, mais verdadeira, justa que extrapola as esferas nacionais suscitando assim uma gama de discussões transnacionais apontando para a celebração/comemoração de valores universais com vistas à busca de um consenso nacional entre a ruptura com um passado de governos repressivos/violentos em prol de uma democracia comemorada através e com o auxílio dos movimentos sociais na aquisição de glórias futuras na pós-redemocratização. Segundo Vasconcelos (2008, p. 209),