Revista Rua


A televisão no espaço urbano brasileiro (ou dos processos de constituição de sentidos para a TV no Brasil)
Television in the brazilian urban space (or about the processes of meaning making for TV in Brazil)

Silmara Cristina Dela-Silva

espaço por meio das chamadas grandes reportagens[8], produções jornalísticas que caracterizariam a publicação[9].
Discursivamente, em termos de efeitos de sentido que produzem, as fotografias jornalísticas são aqui analisadas a partir de seu funcionamento, que se dá na relação entre paráfrase e polissemia. A relação entre paráfrase e polissemia pode ser percebida na análise exclusiva do não-verbal, por meio da “leitura” das imagens que podem ou não permitir uma leitura polissêmica, e a produção de muitos sentidos (ou de mais de um); e também na análise conjunta de texto e imagem, da combinação entre as linguagens verbal e não-verbal na produção dos sentidos. Este último é o caso das fotografias empregadas em grandes reportagens, uma vez que os sentidos se produzem na combinação entre imagens, legendas e o verbal do texto jornalístico.
O primeiro ponto de análise é a relação entre as fotografias jornalísticas e o texto verbal da reportagem “A televisão na América do Sul”, publicada pela revista O Cruzeiro, em 22 de julho de 1950, e que trata dos preparativos para instalação da primeira emissora de televisão no Rio de Janeiro. Nesta primeira reportagem, destaca-se a imagem vertical da parte superior da torre, instalada no alto do Pão de Açúcar, com o céu ao fundo, e a antena em seu percurso de subida ao topo (Imagem 1).
Imagem 1 – O Cruzeiro, 22 jul. 1950


[8] O conceito de grande reportagem em jornalismo é trabalho, dentre outros, de Kotscho (1986).
[9] A revista O Cruzeiro é considerada uma precursora dentre as publicações jornalísticas brasileiras por privilegiar o uso de imagens em suas páginas desde o seu lançamento, em 1928, em uma tendência que o jornalismo impresso de forma geral somente adotaria na década de 1960, devido à concorrência com os meios eletrônicos, em especial com a própria televisão. Sobre o fotojornalismo e a sua história, ver: ZANCHETTA JR. (2004) e BAHIA (1990).