Revista Rua


A televisão no espaço urbano brasileiro (ou dos processos de constituição de sentidos para a TV no Brasil)
Television in the brazilian urban space (or about the processes of meaning making for TV in Brazil)

Silmara Cristina Dela-Silva

sentido evidente de existência naquele espaço urbano, faz-se necessário que outros sentidos, como os da necessidade de transmissões regulares e de aquisição de equipamentos para a recepção dos sinais, sejam silenciados.
Uma segunda foto (Imagem 2), que se posiciona entre o título e a linha fina da matéria, no alto da página, é composta por um close do sistema de iluminação instalado no topo da antena, acompanhado da legenda descritiva: “A iluminação obrigatória da parte superior da antena”, reiterando o sentido da presença da antena como imaginariamente a presença da televisão.
Imagem 2 – O Cruzeiro, 22 jul. 1950
 
Um segundo ponto de análise é marcado no fio do discurso pela oposição entre ciência e religião, na definição do local para a instalação da antena de TV no Rio de Janeiro. A tensão entre os discursos religioso e da ciência, sendo este último o lugar de dizer sobre a televisão, conforme a revista, marca-se pela interdição da instalação da torre e da antena de TV no morro do Corcovado, como mostra o recorte (2):

(2) ... a primeira providência a tomar é a de encarapitar-se o transmissor no cume de alguma montanha, a fim de abranger a maior área possível de recepção. Topograficamente falando encontraríamos a situação ideal no Corcovado, ali mesmo onde se acha a estátua do Cristo Redentor. Sucede, porém, que a Ciência e a Igreja nunca mantiveram boas relações, de tal modo que exatamente como acontecia na Idade Média, os engenheiros supervisores de montagem acabaram por conformar-se com o Pão de Açúcar, que tem apenas a metade da altura. (O Cruzeiro, 22.07.1950. Grifos nossos.)