Revista Rua


Radiodifusão, produção fonográfica e espaço urbano: formação e adensamento do fenômeno esquizofônico em Campinas-SP (... 1990)
Radio, music production and urban space: formation and growing of the squizophonic phenomenal in Campinas-SP (... 1990)

Cristiano Nunes Alves

a separação; 3) a participação do engenheiro no ajuste do balanço musical; 4) introdução da reverberação artificial controlada pelo engenheiro de som; 5) cuidadosa seleção, colocação e balanceamento dos microfones no sistema estéreo.
            Em Campinas, nessa época se iniciam os trabalhos do circuito de produção fonográfica. Grande parte das experiências audiovisuais na cidade se confunde com a trajetória de Henrique de Oliveira Junior6, cineasta, fotógrafo, inventor, produtor fonográfico e um dos fundadores do Museu da Imagem e do Som de Campinas (MIS). Ao que tudo indica, junto com o estúdio Rolanton, “Seo Henrique” foi um dos pioneiros das gravações em áudio na cidade, com o Estúdio-Gravadora Henrison, em funcionamento desde o início da década de 1950, na Rua João de Túlio no Bairro Cambuí.
Henrique de Oliveira*, falou-nos que o seu estúdio foi o primeiro fixo adequado às funções de gravação na cidade, capaz de receber orquestras e realizar trabalhos com um maior nível de complexidade, o que o levou a produzir discos com o Quinteto Rubinski, Trio Mirante, bem como propagandas para as empresas Bosch e 3M, entre outros:
 
No meu estúdio eu gravei 28 pessoas, eu comecei para gravar orquestras, mas o primeiro estúdio foi o do Rolanton, ali na Rua Conceição, mas era mais um estúdio para locução e no máximo um violão, não tinha orquestra não. As rádios, por sua vez, não tinham estúdios, apenas auditórios, estúdio de gravação, não.
 
Em meados da década de 1950 surge o CAVE (Centro Audiovisual Evangélico), pertencente à Missão da Igreja Presbiteriana do Brasil, localizado na Fazenda Pau-D'alho, no Quilômetro nove da Rodovia Campinas- Mogi-Mirim, onde hoje se encontra o prédio da Telbrás. Membros da igreja conseguiram trazer do exterior equipamentos “de ponta”: um gravador de acetato “Ampex 350” e toda uma ampla sala de gravação. Tratava-se um estúdio de grande porte para os padrões da época: O estúdio do Seo Henrique existia antes do CAVE, mas não era grande. O CAVE era um monstro, tudo Ampex”, conta-nos Fábio Vidal Ramos*, conhecido personagem do rádio campineiro, que trabalhou no estúdio. Henrique de Oliveira afirma: Grandes estúdios nós não tivemos, com exceção do CAVE... era muito bom esse estúdio, o resto era quebra galho. 


6 Nascido em Valinhos no ano de 1920 e radicado em Campinas desde 1952, “Seo Henrique”, entre outras atividades, trabalhou quinze anos com sonorização de orquestras no Teatro Municipal e produziu diversos filmes como “Fernão Dias”, “Tabela” e “Pés que Caminham, Imagens que ficam”.
* Os relatos reunidos durante o trabalho de campo encontram-se, no texto, acompanhados de um asterisco, que indica pesquisa em fonte primária.