Revista Rua


Imagens da/na contemporaneidade: um convite à análise, uma convocação à teoria
Images of/in the contemporaneity: an invitation to analysis, a convocation to theory

Rejane Arce Vargas, Caciane Souza de Medeiros, Maurício Beck

insurge-se como emergência. Mais ainda, orienta-se pelo princípio de que, as imagens comportam um trajeto (ideológico) de leitura, de regularidades que formam séries que, contudo, podem ser esburacadas (PÊCHEUX, 1999 [1983]), formando novas séries que não estavam constituídas em uma primeira, porém, no caso exemplificado, a série situa-se no eixo da “produtividade”, não configura acontecimento discursivo porque não há deslocamento ou transformação, apenas “modificação”, de modo que são “outras formas de ver” o mesmo.
 
Considerações finais
Com base neste breve estudo, podemos postular por fim que a exploração da imagem, tal como objeto simbólico, na perspectiva da AD, impõe um trabalho com uma ordem “discursiva”, isto é, a imagem reclama sua inscrição em uma rede de filiações, de memória, a fim de que possamos de fato colocar em visibilidade os sentidos que ela põe em movimento. Por outro lado, o regime de visibilidades, o que é dado a olhar na contemporaneidade é radicalmente afetado por uma ordem “mundializada” de sentidos sobredeterminados. Desse modo, sentidos possíveis, não raro, ficam “em suspenso” ou são mesmo diluídos, esquecidos ou apagados.
Procuramos mostrar sucintamente a complexidade desse regime de visibilidades, via uma imagem que presentifica o discurso zapatista, materialidade esta que expõe duplamente o caráter contraditório e jocoso do que nos é dado a “ver”. O discurso zapatista “joga” (brinca) com o discurso mundializado, expondo sua perversidade e algumas de suas formas de anulação das singularidades. Ao se exporem em parte (com os rostos semicobertos e via codinome), ao se exporem em silêncio, inserem-se na discursividade mundializada, mas não sem antes instalar um mal-estar, pois ao se valerem das “mesmas armas” do discurso ao qual se contrapõem, usam-nas às avessas, de maneira mesmo a colocar em xeque e em visibilidade suas formas de sujeição.
Noutra perspectiva, a segunda imagem por nós explorada, inserida em um regime de visibilidade de ampla circulação e exposta massivamente ao olhar do espectador, joga com uma memória já instaurada a respeito do “popular”. Não obstante, essa memória (ora metálica) sofre rigorosa assepsia tecnoideológica. A imagem é “trabalhada” de forma a ir “mais ou menos diretamente” ao encontro de um imaginário “mais azul e límpido”. Foi o que chamamos de historioprodução em uma de suas possíveis formas, uma maneira de exemplificarmos os modos pelos quais as novas TICs interferem nos trajetos de leitura, estes que, insistimos, só podem ser visibilizados quando temos em conta o jogo ideológico que se textualiza, dada a profusão e a