Revista Rua


Imagens da/na contemporaneidade: um convite à análise, uma convocação à teoria
Images of/in the contemporaneity: an invitation to analysis, a convocation to theory

Rejane Arce Vargas, Caciane Souza de Medeiros, Maurício Beck

A questão que fica. Poderíamos associar essas formulações sobre visível e invisível ao imagético em sua concretude? Ou seja, a pluralidade de imagens que circula hoje nas mídias na Sociedade do Espetáculo de Debord (1992) não seria determinada por um conjunto de regularidades que delimita a fronteira entre o visível e o invisível de nosso momento histórico? Conjunto de regularidades que remeteriam às formações ideológicas e que direcionariam nosso olhar em certo sentido e não em outros?
Para Debord (1992), a imagem é uma abstração do real e o seu predomínio, isto é, o espetáculo, significa um “tornar-se abstrato” do mundo. A abstração generalizada, porém, é uma consequência da sociedade capitalista da mercadoria que, nas condições históricas e de produção discursivas em que Debord reflete sobre o social, tem no espetáculo uma forma própria de se marcar. A tese de Debord sobre a sociedade do espetáculo associada à mercadoria como lógica da sociedade vigente, no final dos anos de 1960, vem repercutindo e ressoando na história, muito embora o sentido apocalíptico que caracterizou sua argumentação (a de que o espetáculo é uma relação social entre pessoas, mediada por imagens) tenha sofrido movimentações no processo de constituição do poder na sociedade atual.
Entendemos que o poder – a tirania, no dizer de Debord (Id.) – das imagens e dos produtores midiáticos funciona como qualquer outro poder, ou seja, naquilo que distingue e hierarquiza lugares sociais, num jogo de forças, cujas práticas estão socializadas – da mesma forma que o dinheiro pertence em maior quantidade para alguns em detrimento de outros, mas é “socializado”. Não há praticamente campo que não seja afetado pela produção midiática, seja o poder judiciário – com jornais, revistas e canais de televisão próprios -, sejam as instituições religiosas, com seus produtos fonográficos ou cinematográficos que enchem prateleiras especializadas, por exemplo. O que há de novo, atual, e que entendemos ser presente e determinante na compreensão dos processos discursivos contemporâneos é a forma pela qual, nas várias instituições e nos laços sociais dos sujeitos, a entrada da mídia passa a ser constituinte dos modos de discursivizar (espetacularizado).
O que chamava a atenção dos críticos do sistema, na época em que Debord lança sua leitura sobre a sociedade e a mídia, era como esse autor se posicionava quanto à presença veemente de uma textualidade das cores vivas e de movimento na mídia, dos modos de descrever e explicar o social (o movimento, a cena, a versão), a partir de novos aparatos tecnológicos. O desenvolvimento de tecnologias incide fortemente sobre