Revista Rua


Imagens da/na contemporaneidade: um convite à análise, uma convocação à teoria
Images of/in the contemporaneity: an invitation to analysis, a convocation to theory

Rejane Arce Vargas, Caciane Souza de Medeiros, Maurício Beck

elementos que compõem uma imagem devem valer também com aqueles que nela não se encontram - outras possibilidades históricas que não puderam se inscrever.
Queremos dizer que a ideologia tanto pode se materializar em imagens no momento da produção das mesmas (quando da seleção e recorte de mundo que irá priorizar certos elementos, em detrimento de outros) quanto no momento da leitura dessas imagens por sujeitos em posição de leitores. Sujeitos-leitores que, por mecanismos inconscientes que não dominam – pelo menos não em sua totalidade – ajudam a reafirmar sentidos cristalizados por ideologias que se vinculam umas às outras e determinam discursos que sustentam a máxima de que a imagem seria um tranquilo re?exo do real. Postulamos a nulidade desse reflexo passivo.
Se, em suas formas heterogêneas, a linguagem é lugar de significação, sustentamos que o efeito de evidência que acomete os sujeitos e o processo de formulação e circulação de imagens não se constituem como mágica ou provêm da intencionalidade subjetiva. Alinhados a uma teoria discursiva fundamentada em uma concepção materialista do discurso, não podemos tomar a imagem como pedaços de historicidade que se submetem a uma ideologia plena de coerência em seus princípios, concretizando-se em uma representação inerte às contradições ao longo da história. É na luta social e política cotidiana, isto é, nas posições ideológicas que os sujeitos assumem nesses embates, que as contradições ganham corpo e desvinculam-se de toda e qualquer suposta unidade ideológica. É a respeito dessas contradições históricas de que trataremos a partir de então.
 
2. Imagem: sobre os efeitos de evidência do visível e o devir do invisível
Compreendemos os sentidos como produzidos em dadas condições de reprodução - de acordo com as relações de força atuantes no processo histórico. Desse modo, as contradições e antagonismos do real da história constituem o motor da tensão entre a reprodução ou a transformação das relações de domínio e exploração socioeconômicas.
Pode-se dizer que uma ideologia (dominante) tem por função assegurar a reprodução e a circularidade, enquanto as ideologias dominadas necessitam operar a ruptura dessa circularidade.
No que concerne à AD, o processo discursivo é entendido (cf. ORLANDI, 1999) como constituído pela tensão entre paráfrase/polissemia. Cabe indagar, no tocante à especificidade da materialidade imagética, como se constituiria a tensão