Revista Rua


Imagens da/na contemporaneidade: um convite à análise, uma convocação à teoria
Images of/in the contemporaneity: an invitation to analysis, a convocation to theory

Rejane Arce Vargas, Caciane Souza de Medeiros, Maurício Beck

complexidade dos meios de tratamento tecnológico dos objetos simbólicos que tornam os discursos fluidos e aparentemente “desfiliados”.
É necessário, portanto, estabelecermos diferentes olhares sobre os objetos simbólicos, considerando a dispersão que intervém sobremaneira no modo como a eles temos acesso. Além disso, dispomos desde outrora de um aparato teórico-analítico que encontra na filiação de sentidos a possibilidade de perscrutarmos as formas como os discursos vão se inscrevendo materialmente na história, de modo a não cairmos na anacronia das máquinas de ler, sob pena de cedermos a uma ortopedia dos discursos. Vale insistir que imagem é discurso, e não só mobiliza a memória do dizer como também a integra. Como qualquer outro objeto significante, é uma das possíveis materialidades da ideologia.
Por fim, vale aqui um trocadilho a propósito de provérbio mencionado por Pêcheux, no texto Papel da memória (1999 [1983], p. 54): “Quando lhe mostramos a lua, o imbecil olha o dedo”, e por que não? Em AD, não olhamos para a imagem em si, em seu jogo de cores e beleza (embora também se possa inclusive olhar para esses constituintes), mas lançamos nossos esforços para o processo ideológico material que a constitui e lhe imprime direção de sentidos, cuja materialidade é discursiva, social, ideológica e ditada pelas determinações sociais, as quais tecem laços e os desfazem, mesmo porque “a memória funciona com versões enunciativas, imagens do dizer... A memória inscreve o discurso em filiações” (ORLANDI, 2004, p. 132).
 
Referências Bibliográficas
BECK, Maurício. Aurora Mexicana: Processos de resistência-revolta-revolução em lutas populares da América Latina: O exemplo do discurso zapatista. Santa Maria: UFSM. Tese de Doutorado em Letras – Universidade Federal de Santa Maria, UFSM/PPGL. 2010.
 
COURTINE, Jean-Jacques. Intericonicidade. Entre(vista) com Jean-Jacques Courtine. Entrevistador: Nilton Nilanez. Grudiocorpo. Out., 2005. Disponibilidade em: http://grudiocorpo.blogspot.com/2009/06/intericonicidade-entrevista-com-jean.html. Acesso em: 05/09/09.
 
_____. O chapéu de Clémentis. Observações sobre a memória e o esquecimento na enunciação do discurso político. Trad. de Marne Rodrigues de Rodrigues. In: INDURSKY, Freda; FERREIRA, Maria Cristina Leandro (Orgs.). Os múltiplos territórios da Análise de Discurso. Porto Alegre: Sagra Luzzatto, 1999. p. 15-22.
 
DEBORD, Guy. A Sociedade do espetáculo. Comentários sobre asociedade do espetáculo. Trad. de Estela dos Santos Abreu.Rio de Janeiro: Contraponto. 1992.
 
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