Revista Rua


Jornal e poesia: o Alencar espelhado no discurso da língua
Newspaper and poetry: the Alencar mirrored in the speech of language

Atilio Catosso Salles

existe um processo de negociação em curso, as modalizações autonímicas podem perpassar desde formas marcadamente explícitas, às menos explícitas, até a um nível de não deixar nenhuma marca ou possibilidade descritível no fio do discurso.
A emergência da relação com o outro e o Outro, sob as formas da heterogeneidade explicitada/mostrada ocorre simultaneamente em dois domínios: primeiro, na relação do sujeito com seu outro exterior, construindo a representação do um e, segundo, na relação do sujeito com a língua, na qual “[...] constrói-se uma representação de sujeito que separa o que é seu e o que é de outro” (MORELLO, 1995, p.29).
Assim, recortamos dois enunciados, a partir da tessitura do jornal A Opinião:
i:
 (G., 1878 - ano I)[6]
 
ii:
 (MARIANO DE OLIVEIRA, 1878 - ano I)[7]


[6] Passaram-lhe ahi dolorosas pela imaginação estas verdades: “Vão-se todos os nossos homens de talento”. Agora este, que escreveu tantos etão bellos livros! Era o autor do GUARANY. Esse GUARANY está hoje traduzido na Europa e deu ensejo ao apparecimento de um grande maestro nacional. Era uma gloria do paiz esse imaginoso escriptor, e eu gostava delle porque era meu collega e além disto – porque era meu patricio. Sinto-me abatido e triste...”
[7] Para recebel-o não bastava o tumulo – o abysmo mais profundo – na phrase de Hugo. E por isso que ao ver rachar-se hoje o terreno em fogo da sua provincia parece-me que esta se abre em uma sepultura enorme para receber aquelle grande morto. O Ceará teve espaço para enterrar todo um povo; é pequeno, no entanto, para tumulo d’aquelle homem. Mariano de Oliveira.