Revista Rua


Jornal e poesia: o Alencar espelhado no discurso da língua
Newspaper and poetry: the Alencar mirrored in the speech of language

Atilio Catosso Salles

outro e também o incrível jogo de formações discursivas entre si, do discurso e o outrem, que é produzido na materialidade da língua. 
Assim, nesse batimento-pulsão os sentidos serão tomados como gestos de leitura que definem a posição matogrossense em relação à configuração do sujeito nacional e da própria língua em movimento, no jogo discursivo da imprensa em Cuiabá.
 
Outros no mesmo: por um funcionamento literário-discursivo no Jornal
 
 
“[...] nenhuma palavra é virgem, mas, ao contrário, carregada, “habitada” pelos discursos em que tenha vivido sua vida de palavra [...].” (AUTHIER-REVUZ, 1999, p. 9-10)
 
A língua constitui o sujeito dividido-desdobrado no espaço do mesmo e do Outro e também o incrível jogo de imagens mútuas entre si e outrem (enunciador), que é produzido na materialidade da língua. Assim, os sentidos serão tomados como gestos de leitura que definem a posição matogrossense em relação à configuração do sujeito nacional e da própria língua em movimento, no jogo discursivo da imprensa em Cuiabá.
Para melhor traçar o percurso analítico, empreenderei um estudo dessa relação a partir das noções das não coincidências, desenvolvidas por Authier-Revuz (1998) para problematizar como se constitui o espaço de repetição, em que um dizer silencia outros dizeres da memória sócio histórica, que constitui e determina o sujeito. Dentre os quatro campos de não coincidências ou heterogeneidade, segundo Authier-Revuz (1998), que o dizer produz/desdobra, já referidas anteriormente, recorto para essa leitura apenas duas: a não coincidência do discurso consigo mesmo e a não coincidência das palavras com elas mesmas. Retomando, para a autora, o modo de representação das não coincidências não leva em conta a intencionalidade, já que se evidenciam na língua ao mesmo tempo como máscaras delas mesmas.
A não coincidência constitutiva da língua em relação a si mesma se estabelece como um já-lá da memória discursiva própria da língua. Vejamos uma formulação publicada no jornal O Povo (1879- ano I), em que Tavares, articulista deste jornal, refere-se ao poeta Gonçalves Dias: