Revista Rua


Jornal e poesia: o Alencar espelhado no discurso da língua
Newspaper and poetry: the Alencar mirrored in the speech of language

Atilio Catosso Salles

sentido, o discursivo estabelece uma relação de injunção com a memória, na medida em que os dizeres estão na base dos discursos outros, antecessores, que circulam na história das instituições.
Desse modo, é na própria estrutura enunciativa, na qual se encontram alguns indícios da memória no discurso ou, ainda, pelo seu funcionamento opaco, que afirmamos haver constantes marcas dos apagamentos de sentidos que estão inscritos nas práticas discursivas da língua. A memória dos dizeres, inscritas nos jornais que recortamos para leitura, por exemplo, lançam-se enquanto uma “supressão das citações entre um discurso primeiro e um discurso segundo que cita, onde se vê funcionar simultaneamente tanto a memória quanto o apagamento, a recitação de discursos em retomadas ritualísticas” (PAYER, 2009, p.40 - 41). Vejamos o enunciado[8], publicado no jornal A Opinião (1878):
 
                                  
(FRANCO, ano I, p.04)
 
 
Especificamente, neste recorte[9], temos uma proposição poética que se desenvolve a partir do sentido de um mote: a eloquência divina de José de Alencar em relação com a de Cícero[10], que foi considerado uma das mentes mais brilhantes da época, sendo-lhe atribuída a responsabilidade por apresentar o pensamento grego aos romanos.


[8] José de Alencar... Coelestis in dicendo vir. (Tito Franco)
[9] Coelestis - e. 1º Du ciel, célest; 2º Divin; 3º Au fig. Divin, semblable aux dieux. Coelestis in dicendo vir - Quint. Homme d’une éloquence divine. Caelestissimum os Ciceronis. Vell. L’eloquence incomparable de Cicéron. Caelestissima opera. Vell. Ouvrages merveilleux.|| coelestior. Sem. (Dictionnaire Latin-Français, Paris, 1846)
[10 Pensador romano, filósofo, orador, escritor, etc., do século I a.C.