Revista Rua


Família, educação e vulnerabilidade social: uma análise da Região Metropolitana de Campinas.
family, education and social vulnerability: the case of the Metropolitan Region of Campinas

Sergio Stoco

conjunturais decorrentes da perda de rendimentos e inclusão no corte da linha de pobreza). Isto associado a condições precárias de moradia (como veremos adiante) e a falta de acesso a condições básicas de segurança social (NBI) comprometem, diretamente, o padrão material e simbólico de acesso à educação e, particularmente, o padrão da função educacional familiar (que pode caracterizar a pobreza reiterada, estrutural).
O domicílio é um dos ativos mais representativos das famílias, tanto do ponto de vista material (elemento fundamental para as condições de manutenção da produção e reprodução da vida cotidiana), como na sua relação simbólica de conformação de um dos sentidos de família (a casa, o lar...). Ele expressa, na sua materialidade e na sua representação, uma expectativa de autonomia e segurança familiar e, também, como aponta Sarti (1996, p. 93 e 94), um processo histórico de acumulação financeira, apropriação do espaço habitado e distinção de classe (a casa e o barraco).
Estas representações do domicílio se articulam na apreensão educativa do processo de socialização dos seus residentes, ora se moldando como espaço de relações e convívio familiar, portanto, estabelecendo um padrão de formação cultural (aí incluso o padrão de renda x consumo), ora estabelecendo as condições de apropriação deste mesmo processo de formação cultural (o conflito entre o padrão de oferta educativa idealizado e a concorrência com a manutenção material do domicílio).
Relacionando estas representações, cada arranjo domiciliar estruturado materialmente na residência, aumenta, diminui ou transforma seu capital físico / financeiro a partir das condições dadas pelas características físicas assumidas por cada unidade domiciliar.
Além da relação direta do pertencimento a uma determinada ZV e as condições físicas, podemos inferir, também, que há diferenças de interpretação sobre propriedade e regularização dos domicílios. Apesar da proporção muito próxima de respondentes que afirmam ter construção e terrenos próprios, ao observarmos a proporção de regularização e de posse de escritura, percebemos que se trata de realidades bem distintas.
A opção “não próprio” agrega respostas como alugado cedido e ocupado. No caso da ZV 1, 12,7% são imóveis alugados (portanto, 7,9% são cedidos ou ocupados), na ZV 2, 18% são alugados, na ZV 3, 21,2% são alugados e na ZV 4, 29,6% são alugados.