Revista Rua


Aprendizagens da cidade: corporeidades em intervenções urbanas
Learning City: corporealities in urban interventions

Juliana Soares Bom-Tempo

automatismos e não configura um conceito de corpo, mas sim uma prática em uma experiência limítrofe, com um corpo vivo em constante devir, totalmente dispare do corpo orgânico cartesiano, corporeidade composta por uma rede móvel e imprevisível de Poderes/forças, potências, e não de Saberes/formas.
Ainda falando de corporeidade, Nietzsche (1977) fala do corpo em seu nascedouro, em uma tentativa de comunicação com um estado de ser outro, de envolvimento cósmico, num estado primeiro, integralizante, sem ideologias manipulatórias, corporeidade vinculada ao sublime, no qual esse corpo pudesse se inserir no mundo como uma superfície integrada de produção e consumo. Esse pensamento dionisíaco de corpo fala da transmutação, corpo como passagem, ponte, devir, tornar-se; assim há uma destruição da crença socrático-platônica de uma identidade permanente. O corpo do homem ao tornar-se corpo em devir, acessando o instinto teatral, saindo da ordem animal biológico atinge o conceito e a noção de tempo, podendo neste momento tornar-se outro em uma transmutação que lhe é estranha e ao mesmo momento conhecida, o homem é alguém e igualmente refuta esse alguém.
Greiner (2005) continua a contribuir em seu texto com a configuração de corpo a partir de vários pensadores contemporâneos, dizendo sobre um corpo dinâmico, no qual as imagens mentais diferem algumas vezes de representações simbólicas, imprimindo um fluxo continuo.
Nesse sentido que o corpo e a cidade são tais agenciamentos que se conectam com o lado de fora, produzindo dobras e um lado de dento não diagramável, enquanto corporeidade, fluxo, movimento, devir. As Intervenções Urbanas por meio do Contato-Improvisação, foco deste trabalho, potencializam a experiência limítrofe das corporeidades introduzindo novas fluxos e tensões na criação de um corpo-devir na e da cidade, configurando dobras, um lado de dentro, em potenciais de aprendizagem de novos signos, acontecimentos na cidade.
 
Aberturas nos corpos e na cidade:
José Gil (2005) em seu livro Movimento Total, ainda no prólogo faz uma distinção entre o movimento do bailarino e o movimento do cotidiano. A partir do pensamento de Von Laban coloca que o movimento é uma dança quando “a ação exterior é subordinada ao sentimento interior” (GIL, 2005, p.14). Laban ainda coloca que o movimento dançado vai se prolongar imprimindo no corpo o infinito, pois uma posição corporal sempre indica outras posições e outros gestos em uma composição