Revista Rua


Aprendizagens da cidade: corporeidades em intervenções urbanas
Learning City: corporealities in urban interventions

Juliana Soares Bom-Tempo

formalizações. Assim, pensando o urbano como agenciamentos móveis e maquínicos, podemos acrescentar as relações de Poder e Saber engendradas nesses movimentos da cidade, tanto em dimensões das capturas capitalísticas de normatização e homogeneização dos fluxos urbanos, como nas resistências em movimentos que escapam ao projeto urbanístico estratificado para conduzir corporeidades e subjetivações.
O corpo e a cidade, frente ao pensamento foucaultiano, seriam atravessados por formulações que os configuram no campo da forma/Saber, engessando as possibilidades de produção de corporeidades e cidades potente. As singularidades, os afetos são configurados por relações de Poder. Entretanto, a categorização,classificação, homogeneização e seriação dessas singularidades são feitas por “uma linha deforça geral” (DELEUZE, 2005, p.83) que reduz singularidades à forma e ao Saber.Linha de força geral que é historicamente construída e que se legitima num dado contexto cultural. O corpo e o urbano, nesse processo, configuram-se como testemunho (indicador) desse contexto cultural.
Assim, podemos concluir que, mesmo havendo uma pasteurização significativa, ela não é global. O que existemsão várias camadas de singularidades, com afinidades relacionais locais, que podem ser efêmeras ou duradouras. Desta forma asinstituições são constituídas: Cidade, Corpo, Família, Estado, Religião, Mercado, Saúde, Arte eTrabalho. Estas são práticas e, por sua vez, não explicitam o Poder (apesar de insinuarem e de darem pistas) já que fixam as relaçõese as reproduzem, não tendo em si nenhuma nova produção. Entretanto, trazem certo lado de fora epotencial de novos agenciamentos através do campo da força/Poder. Para tangenciarmos este Poderprecisamos nos dirigir ao lado de foradas singularidades capturadas e segmentadas. Implosões necessárias do Saber enquanto cenário, representação e linguagem; e potencializações do Poder enquanto uma usina de produção, de encontro, de diálogo e comunicação, na potencia dos agenciamentos maquínicos.
Quando falamos em lado de fora, logo pensamos em exterioridade e em uma relação dicotômicade exterior e interior. Entretanto, é preciso uma diferenciação, pois se trata de domínios diferentes.
A díade exterior–interior é do âmbito da forma, mesmo se pensarmos em duas ou mais formasexteriores uma à outra, estas dizem do campo do Saber. Já o lado de fora é o da natureza da força,que está sempre em relação a outras forças, compondo um lado de fora sem forma e irredutível —indizível e composto de distâncias que não