Revista Rua


Aprendizagens da cidade: corporeidades em intervenções urbanas
Learning City: corporealities in urban interventions

Juliana Soares Bom-Tempo

O quarto mundo é o da arte. Este mundo revelado da arte atua em outros mundos e é o último mundo dos signos, que se encontram como que desmaterializados, encontram seu sentido em uma essência ideal imanente, não transcendente. Assim, o mundo revelado da arte reage, principalmente, sobre os signos sensíveis, estes últimos são integrados e ganham sentidos estéticos, invadindo o que havia de vazio. Neste pensamento, os signos sensíveis remetem a encarnação de uma essência ideal em sentido material, mas a arte é a única que tem a potencialidade de compreendê-los e ultrapassar interpretações vindas de signos pré-concebidos. Assim, todos os outros signos voltam-se para a arte e, para Deleuze, todos os aprendizados por caminhos mais diferentes, são, inconscientemente, da própria arte. Portanto, “o essencial está nos signos da arte” (Deleuze, 1987, p.14).
Desta forma, Deleuze pensa as possibilidades dos signos. Cada signo faz parte de várias dimensões do tempo em busca da verdade. Neste processo a busca da verdade está ligada a busca do tempo perdido, em processos de aprendizagens. A verdade, portanto, possui uma relação essencial com o tempo. Só se procura o tempo perdido e a própria verdade quando se é impelido a fazê-lo por alguma situação concreta. Este processo se dá quando se é violentado a procurar a verdade, se dá por necessidade e não apenas por boa vontade. Esta violência vivida é a garantia de uma busca que asseguraa autenticidade do aprendiz. É através de encontros casuais com signos que esta pressão coercitiva acontece e exerce violência. Só é possível querer a verdade ou a busca coagido por uma necessidade gerada pelo encontro em relação a determinado signo. Quer-se encontrar o sentido do signo. Esta busca é sempre temporal e a verdade é um acontecimento engendrado em um tempo múltiplo e plural. Tempo perdido.
Entretanto, na empreitada desta busca o que se encontra do tempo perdido é outro tempo, diferente deste primeiro, um tempo redescoberto. O tempo perdido é o tempo que se perde, não apenas o tempo que passa. Os signos mundanos, do amor e sensíveis são signos do tempo perdido, de um tempo que se perde. O tempo redescoberto é criado e produzido, próprio dos signos da arte, tempo original e compreendem todos os outros.
Neste processo, nunca se sabe como uma pessoa aprende; mas de qualquer forma sempre aprende por meio de signos, perdendo tempo; não pelo acúmulo e assimilação de conteúdos materiais objetivos. Estes conteúdos intelectuais são verdades limitadas, pois não são aprendidos por necessidades. À inteligência cabe compreender criticamente as funções dos signos no mundo, sejam as leis dos signos mundanos ou as repetições dolorosas dos signos do amor.