Revista Rua


Aprendizagens da cidade: corporeidades em intervenções urbanas
Learning City: corporealities in urban interventions

Juliana Soares Bom-Tempo

consciência do corpo é preciso um abaixamento da consciência clara, como acontece com pessoas em situações extremas como insônia, cansaço extremo, acordar prolongado. O corpo, nesse sentido, se torna um receptor e um emissor de forças do e para o mundo, em um movimento de devir de forças e intensidades. Há em um primeiro momento uma impregnação, um contágio da consciência pelo corpo, que começa em seguida a fazer conexões com os objetos do mundo externo, formando Platôs como zonas de indiscernibilidade. É toda multiplicidade que se conecta com outras hastes de maneira a formar e estender um emaranhado de conexões que nunca findam. Cada Platô pode ser adentrado de qualquer lado ou posição e posto em relação com qualquer outro Platô (DELEUZE & GUATTARI, 1995). Diante disso, a cidade passa a agenciar os movimentos de corpos abertos a essas micropercepções urbanas, inconsciência e consciência agenciam os corpos dançarinos em conexões e misturas com os componentes dessa cidade, tanto das comunicações e ações visíveis quanto invisíveis. Micropolíticas em agenciamentos maquínicos entre corpos e o urbano.
Diante do pensamento aqui presente, é necessário nos despirmos das concepções cartesianas de que consciência e corpo são elementos opostos e possuem atribuições contrárias. Antes, estes são atravessados por “tessituras” comuns; há uma destituição da consciência incorporal e fenomenológica, passando para uma concepção ontológica (GIL, 2004). Para que haja essa coesão é necessária uma fusão entre os movimentos corporais e os movimentos do pensamento. Assim, há uma osmose entre consciência e corpo, a consciência se torna corpo de consciência e o corpo se torna consciência, criando “movimentos de forças e de pequenas percepções” (idem, p.16). Como acontece na criação artística em que a consciência é inundada pelos movimentos corporais, convergindo ambos para um espaço único de total mistura e indiferenciação.
 
Contato-Improvisação: Devir-corpo-cidade
A proposta do grupo Caleidoscorpos era de trabalharmos com a técnica de Dança Contemporânea de Contato-Improvisação criada por Steve Paxton (apud Gil, 2004). O grupo era composto por cinco integrantes: uma estudante de filosofia e bailarina, dois músicos-atores, duas psicólogas-dançarinas. Um grupo de formação diversa, com capacidades diversas, mas cujos integrantes necessitariam abrir o corpo e se destituírem dos saberes para adquirirem potência e produzirem um novo movimento, um novo corpo, um devir-outro. Começamos com uma pesquisa corporal visando à desestruturação das relações com o próprio corpo de cada componente e um