Revista Rua


Aprendizagens da cidade: corporeidades em intervenções urbanas
Learning City: corporealities in urban interventions

Juliana Soares Bom-Tempo

podem ser estratificadas, em que uma força age sobreoutra ou é afetada por esta. É sempre de fora que se dá essa relação entre forças. Aqui existeum devir de forças que é irredutível à história das formas, operando, portanto, em outra dimensão. Devir refere-se à mistura entre duas ou mais camadas, em que a organização sobre um deles modifica-se para a organização sobre o outro, em uma captura mútua de códigos, aumento de valência, assegurando a desterritorialização de um dos termos e a reterritorialização do outro, os devires se encadeiam e se revezam de acordo com a circulação de intensidades que empurram essa mútua desterritorialização. (DELEUZE & GUATTARI, 1995)
Nunca é o composto, o compacto, o classificável, o divisível em camadas que se modificam, mas, antes, são as forças que os compõem, afetando e sendo afetadas, do lado de fora, que produzem uma transmutação (DELEUZE, 2005). Lado de fora em diagramas nos fluxos urbanos, entretanto, aberto a produções de subjetividades agenciadas em desvios das capturas do capital, agenciamentos maquínicos como produções de outros corpos e outras cidades no contexto urbano
O que compõe o lado de fora são relações de força que provocam mudanças na forma já configurada, com outras relações e novas configurações, “um lado de fora mais longínquo que todo o mundo exterior e mesmo de toda forma de exterioridade, portanto infinitamente mais próximo” (DELEUZE, 2005, p.93).
 
 E o dentro? Nas dobras...
Antes falar do dentro é preciso ainda falar do fora. Assim, aforça se encontra do lado de fora. Tais forças — que habitam o fora e compõem os diagramas— também têm a potência de resistência em relação a esses diagramas, mesmo sendo amiúde da mesmaesfera: o lado de fora. Assim, os diagramas de força são compostos tanto por poderessingulares, que dizem respeito às suas relações, quanto por resistências singulares, queseconectam ascamadas possibilitando, assim, as mudanças.
Ainda, neste ínterim, faz-seimportante dizer que “[...] a resistência tem o primado” (idem, p.96), pois as relações dePoder se praticam através do diagrama e as resistências estão necessariamente ligadas intimamente ao lado defora. “De forma que um campo social mais resiste do que cria estratégias” (idem, p. 96). Ou seja, as forças resistentes se sobressaem às forças que compõem os diagramas, nãodeixando, portanto, de subvertê-los constantemente. Ao criar estratégiasisso induz a construção de diagramas; ou seja, o desenvolvimento de estratégias e suas conseqüentes consolidações geram diagramas. Assim, diagrama é uma captura de singularidades, que criam configurações.